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sexta-feira, 3 maio, 2024

Editorial: Somos imbatíveis

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Uma das músicas feitas para a Copa do Mundo de 1962 tinha entre suas estrofes a seguinte frase: com brasileiro não há quem possa. Tanto tempo depois isso continua valendo. Continuamos passando vergonha porque tudo o que fazemos o fazemos mal feito. A Olimpíada do Rio de Janeiro é outra vitrine dos desacertos tupiniquins.
Antes dos jogos começarem algumas delegações tiveram problemas. A da Austrália, por exemplo, encontrou seu alojamento sem água e eletricidade. De quebra, o esgoto também estava entupido. O prefeito do Rio, usando de infeliz ironia, disse que mandaria um canguru para acalmar os australianos. E os australianos replicaram – mandariam um jumento ao prefeito.
A dos Estados Unidos preferiu ficar em hotel. A dos chineses resolveu passear por uma das exuberantes avenidas cariocas. Resultado – foi apanhada no meio de um tiroteio entre duas facções criminosas rivais, o PCC e o Comando Vermelho. A chinesada precisou se jogar no chão, procurar proteção atrás de postes. Ninguém ficou ferido.
Nem deveríamos estar sediando uma Olimpíada. A situação do país não está para bancar um evento que está custando R$ 32 milhões por dia. E isso sem levar em conta o que já foi gasto para construir a Vila Olímpica, que por sinal ainda não está completamente acabada. O evento foi sonho de um megalomaníaco, de um anão que um dia sonhou que era gigante.
A abertura foi elogiada pela tecnologia, que não é nossa. Tudo foi importado. A nossa pobreza (financeira e de espírito) apareceu na entrada das delegações, com as bicicletas. A justificativa é que era pra mostrar coisas típicas daqui. Pois bem, faltaram então os carrinhos de churros, pipoca, cachorro quente e sorvete. Poderiam ter colocado também alguns camelôs vendendo CDs e DVDs piratas.
A vergonha não fica por aí. No primeiro final de semana aconteceu o que já se previa – mais um vexame. Falou comida e faltou água a turistas torcedores. Como a fome e a sede eram grandes, primeiro os comerciantes aumentaram os preços, que passaram de absurdos (que já eram) para pornográficos. Depois as prateleiras ficaram vazias.
Continuamos então imbatíveis nos quesitos improviso, desorganização e bagunça. Continuamos passando vergonha e mostrando ao mundo o quão ruins somos. Depois reclamamos. Turistas daqui que passeiam na Europa reclamam que são discriminados e até humilhados. Merecemos. É essa a imagem que passamos ao mundo.
Europeus compram jornais sem que haja o jornaleiro na banca. Brasileiros, mesmo com jornaleiro, não costumam ser tão honestos assim. Europeus não jogam lixo na rua. Aqui, a Marinha do Japão deu outro exemplo em Recife – limpou a sujeira que havia ao redor de um estádio. Japoneses, por sinal, já haviam dado bons exemplos durante a Copa do Mundo de 2014, quando limparam o estádio após o jogo. Em matéria de passar vergonha, somos mesmo campeões.

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