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quinta-feira, 2 maio, 2024

Editorial: Não precisávamos passar tanta vergonha

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A poucos dias da Olimpíada, sucedem os vexames que mostramos para o mundo. Não são poucos, nem vão terminar tão já. Nem são pequenos, imprevisíveis – são gigantescos e todos já esperados segundo a tradição da pátria amada. A tradição, somada à roubalheira e à fogueira de vaidade de nossos dirigentes, só podia dar nisso.
Os australianos não querem de jeito nenhum ficar no alojamento olímpico. Não que sejam exigentes demais. Apenas querem o básico, como esgoto funcionando, água nas torneiras, aparelhos de ar condicionado funcionando e principalmente, colchões nas cama. Fim da história – os australianos se instalaram num hotel.
Outras delegações estão fazendo o mesmo. Os americanos já foram para um hotel e foram bem claros ao afirmar: Não queremos lixo. Em três palavras definiram o que é a vila olímpica. A maioria das delegações está trazendo também segurança própria, porque não confiam na nossa segurança.
O que os estrangeiros já constataram é o óbvio – o transporte é uma droga, a segurança é outra droga, a estrutura é um lixo; a lagoa Rodrigo de Freitas continua poluída, e a Baía da Guanabara, que servirá para algumas competições, está mais suja que privada de cortiço.
Não precisávamos passar por essa vergonha. Não merecemos esse vexame, criado por alguns aloprados que um dia sonharam enganar todos nós com sua megalomania. Se nossa imagem no exterior já é péssima, dá pra pensar como vai ficar depois da Olimpíada. Nossa imagem é tão ruim que no Japão, onde relógios ficam expostos em cestas, há avisos pelos alto-falantes, em japonês, logicamente, alertando seguranças quando entra grupo de brasileiros.
Tão ruim, que na Espanha todo brasileiro é questionado sobre seu tempo de permanência e de quanto dispõe de dinheiro. Se os espanhóis acharem que é pouco, mandam de volta no primeiro avião – nem sai do aeroporto. Lá fora temos fama de ladrões, corruptos, subdesenvolvidos, analfabetos, ignorantes.
E nossos dirigentes parecem não ter noção disso. Pregam aqui que somos os maiores e melhores, que somos soberanos. Tudo piada, e de mau gosto. Há alguns anos, um aloprado teve a ideia de trazer Copa do Mundo e Olimpíada para o Brasil. Isso foi saudado como a consagração do orgulho de ser brasileiro.
O resultado está aí. Vexame atrás de vexame. As obras da Olimpíada – pouco mais da metade está pronta – custaram três vezes mais que o previsto. Algumas outras, que eram para estar prontas desde a Copa do Mundo, em 2014, sequer saíram do papel. Outras, prontas no tempo, não estão servindo para nada.
Definitivamente, nós que trabalhamos honestamente, pagamos nossos impostos quase em dia, não roubamos dinheiro público e nem participamos dessas maracutaias, não merecemos mais essa. E tomara que o pessoal do Estado Islâmico fique calminho durante a Olimpíada. Se não tomarem Gardenal suficiente a coisa vai ficar pior. E o vexame, maior.

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